Alternativa e jornalística (editorial)

Equipe da Anam chega ao Seringal Cachoeira para série de reportagens / Foto: Jeniffer Bruschi

Equipe da ANAM chega a Xapuri (AC)

A Agência Ambiental de Notícias da Amazônia (ANAM) é um meio de comunicação jornalístico alternativo sobre a questão ambiental amazônica. Trata-se de uma agência experimental de notícias baseada na infraestrutura do curso de jornalismo da Universidade Federal do Acre (UFAC), em Rio Branco, capital do estado amazônico brasileiro do Acre. O principal objetivo é levantar informação independente que contribua para o debate sobre a questão ambiental amazônica (QAA). Somos alternativos no modelo econômico: optamos por viabilizar as atividades jornalísticas com recursos financeiros da universidade pública, a fim de praticar o jornalismo de interesse público.

Considera-se a floresta amazônica patrimônio da população amazônica, o que leva a uma abordagem política da QAA. Interpretamos a questão ambiental amazônica, sobretudo, por seus vieses político e socioeconômico, em detrimento do ponto de vista ecológico. A tensão que emana desse tema diz respeito a interesses econômico-políticos e à apropriação da natureza amazônica: quem deve se apropriar da riqueza da floresta?

Visamos o debate sobre alternativas de desenvolvimento. Desta forma, o diferencial das pautas da ANAM recai sobre propostas ambiental e socialmente sustentáveis dos povos tradicionais da floresta, procurando trazer à cidade amazônica e à sociedade global os conhecimentos da população da mata. Esse conhecimento, historicamente calado, vem à tona para inspirar propostas alternativas de convivência com o bioma amazônico. Acredita-se na possibilidade de um desenvolvimento sustentável e socialmente justo, assim como ocorre nas comunidades tradicionais amazônicas, onde se convive com a floresta. Todos os outros agentes do desenvolvimento também são ouvidos, independentemente de suas opiniões sobre a QAA: instituições governamentais e empresariais, movimentos sociais etc.

A palavra desenvolvimento aparecerá aqui com a naturalidade de quem utiliza a eletricidade, a internet, a universidade e o jornalismo como forma de organizar o discurso. Seria incoerente criticar todos os tipos de desenvolvimento e, ao mesmo tempo, aplicar as lógicas científica e jornalística neste blog gratuito. Utilizamos o jornalismo e a internet para usufruir o lado positivo e democrático da sociedade contemporânea, uma grande onda libertária que possibilita a livre expressão e a diversidade cultural.

No aspecto jornalístico, acredita-se no jornalismo como fomentador do debate democrático sobre a questão ambiental amazônica. Propomos uma prática na base do sujeito-sujeito, com um jornalista disposto à interação social criadora, em detrimento da proposta sujeito-objeto, na qual se vê o jornalista como sujeito e a pauta como objeto.

Coerente com esse aspecto, é preciso estar na Amazônia, um dos principais diferenciais deste meio de comunicação alternativo. Assim, a ANAM se configura institucionalmente como um projeto de extensão da UFAC e nossos repórteres são alunos do curso de jornalismo, professores e funcionários da universidade. De acordo com a liberdade da internet, também cabem neste espaço artigos assinados por especialistas e notícias de provedores gratuitos de informação.

A proposta integra pesquisa doutorado que constatou: (a) a falência do jornalismo de interesse público na mídia de massa e (b) a necessidade da construção solidária de uma nova racionalidade para conviver com o meio ambiente amazônico.

Convidamos vocês ao debate democrático sobre a questão ambiental amazônica. Sejam bem-vindos!

Maurício Bittencourt
Editor e coordenador

Fabiana Nogueira Chaves
Editora

Equipe da ANAM

(Foto: Jeniffer Bruschi)

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